sexta-feira, maio 15, 2009

missão de fé

No Alto da escuridão

paira, ondulante

a luz escorrida da procissão.

O morro é invisível;

se fundiu ao escuro do céu

e alguém diria que a procissão

é o fio de uma esguia cascata

dum fogo sereno, tremulante

silenciosa serpente de fogo

ferindo sem ferir

a noite absurda e sem amanhecer.

O meu caminho muda

nas esquinas em penumbra

onde faço meu clero;

E já diviso

que a serpente se fragmentou.

Agora são pequenas manchas de fogo

subindo, de forma vacilante,

de forma amorosa,

lutando contra o vento que

sempre quer apagar as chamas

atendendo ao chamado misterioso.

As tochas são agora

uma alaranjada romaria

de pequenas estrelas

subindo sem peso e sem destino

para o crepúsculo cuzeiro

o topo do outeiro

onde jaz o buraco-negro

que, atroz,

a todos

seduz

e todas as luzes

em noite escura

vão se tornando

conforme vão se apagando.
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