sexta-feira, julho 10, 2009

Anúbis




Anúbis




Veja a fogueira


na curva do caminho escuro


tremendo tal uma bandeira


e iluminando o uivo noturno


do coiote humano.


Ele uiva a canção da liberdade


que tanto lhe fere quanto lhe cura


como a lua, que não é sua


mas sem ela, sua verdade


se desvanece.


A fogueira-gêmea são seus olhos


estão em brasa tamanho é seu ódio


o venderam como a um escravo


como irmãos podem fazer isso?


(seu uivo troveja; alguns pensam


que é um deus com cabeça de chacal)


Por fim, a dor é tão intensa


que ele cai; mais um a tentar...


A lua então aparece depois do eclipse


e sua luz fugidia


se derrama sobre o corpo frágil


e nu e inerte


da pobre criança que nada soube


do não-saber


Justificar.

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Comentário sobre essa poesia:



"Anúbis" foi criado por mim em 1996. Essa poesia foi feita sobre a história de José no Egito, como é descrita no livro bíblico de Gênesis.

Também é usado o simbolismo do signo de Aquário, que também permeia o simbolismo de José.

José foi o 11° irmão, todos filhos de Jacó - o Jacó que viu a famosa escada espiral de anjos, que depois inspiraria desde algumas pinturas do escritor e poeta místico William Blake, até a música Stairway To Heaven, do Led Zeppelin.

A história de Jacó também é profetizada no livro apócrifo de Enoque, um livro obscuro cheio de passagens ocultas e referências místicas.

Também coloquei uma imagem que me impressionava muito na época. Eu então pegava o ônibus "309-T" cidade tiradentes, que passava ao longo da avenida Aricanduva, uma avenida em sp que margeia grande parte da mata Parque do Carmo. Por causa de imensa floresta , denoite a região é completamente escura, chegando a dar um certo medo. A uma certa altura, havia sempre alguém que queimava fogueiras na curva da avenida, perto de onde hoje é o famoso Kazebre Rock Bar. Em meio àquela escuridão, ver aquelas fogueiras, como dois olhos flamejantes brilhando vermelhos e furiosos na noite escura, discernindo a curva da avenida em raias de luminosoidade vacilante cor de laranja, me impressionava bastante.

Cumpre lembrar que meu signo é Aquário e na época eu me sentia preso a certos sentimentos agoniantes.

De tudo isso veio a inspiração para escrever essa poesia, a qual nunca publiquei antes.

Cumpre lembrar que as rimas foram automáticas, eu não pensei para fazê-las.

Até a próxima!

Josiel
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