
A tristeza é uma ponte para se escapar da dor
e à dor a gente vai para não ver a verdadeira angústia
e a angústia, ah, a angústia...
essa a gente contempla
com as mãos no rosto
debruçado que estamos
no parapeito da ponte já citada
E eis que lá estamos
na ponte enferrujada.
E começamos a entardecer
E estamos sós com nossos remorsos
Mas eis que fazemos uma tarde morna
morna como o rio sob a ponte
Um rio calmo.
De lágrimas mornas.
Eu rio, eu salvo...
as águas mortas
águas turvas
rosto poluído
que enferruja
a ponte
e o poente
e o pedinte
que se despe
e se despede
e se despedaça
numa fuligem
que doura o céu
que fica vermelho, dormente, dormente
até que tudo turva-se de vez
e foi a vez de se ver
que tristeza, dor, angústia e todo o resto
se fundem
se confundem
e tudo fica belo
e perdido.
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