terça-feira, julho 28, 2009

ex poente




A tristeza é uma ponte para se escapar da dor

e à dor a gente vai para não ver a verdadeira angústia

e a angústia, ah, a angústia...

essa a gente contempla

com as mãos no rosto

debruçado que estamos

no parapeito da ponte já citada

E eis que lá estamos

na ponte enferrujada.

E começamos a entardecer

E estamos sós com nossos remorsos

Mas eis que fazemos uma tarde morna

morna como o rio sob a ponte

Um rio calmo.

De lágrimas mornas.

Eu rio, eu salvo...

as águas mortas

águas turvas

rosto poluído

que enferruja

a ponte

e o poente

e o pedinte

que se despe

e se despede

e se despedaça

numa fuligem

que doura o céu

que fica vermelho, dormente, dormente

até que tudo turva-se de vez

e foi a vez de se ver

que tristeza, dor, angústia e todo o resto

se fundem

se confundem

e tudo fica belo

e perdido.
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