sexta-feira, dezembro 25, 2009

Camille Claudel





A vida esculpiu Camille Claudel,
Lentamente.
Ferramenta afiada, cruel e fria
Foi deslizando, nela, pelos anos.
Para ela, esculpir foi retirar.
E dela, tudo retiraram
Numa lenta erosão.
Um gotejar cruel
Um martelar initerrupto
silencioso, mas que ecoava
E ela sentia.
Amor, sanidade, esperança:
a cada estocada da ferramenta, essas coisas caíam
como estilhaços
como entulho
sem fazer muito barulho
tudo foi embora.
Só sobrou Camille Claudel
Lapidada pela desgraça e pelo infortúnio
E muito maior que as coisas que a feriram
.
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