segunda-feira, março 31, 2008

terça-feira, março 25, 2008

elegância



melancolia é uma garça
vendo sua lagoa poluída
a desgraça nos põe elegantes
orando ao anjo do esquecimento
e passeando por um jardim de coisas interrompidas
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sexta-feira, março 21, 2008

Paixão

Quando você está em chamas,
cria um mundo só seu
Faz-se necessário
a tempestade de fogo
Matrimônio
com o demônio,
Demente & insone
insolente
pregando a indolência
extravagância
Paixão
e calma
um banco
uma namorada
em seu colo
colorida tarde de outono
as cores de suas chamas
esmaecidas
viram a lembrança
da enorme borboleta
calma
de asa amarela
que eu vi na janela
do metrô
Estação Sé
impossivel chama amarela
no ar
O mar de gente
parou
sem fé
para olhar
com horror,
com vagar.
Cabeças escuras
viradas para cima
inferno anônimo
vendo a chama
que lhes falta.
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domingo, março 16, 2008

expressionismo



início de outono
toca-me
filme em preto e branco
um café.
Espectro ronda-me
os sentidos
Diáfano difuso dissolvido.
Estou de terno,
fecho os olhos
respiro fundo
um ateliê
cem anos atrás
Terno listado
e também você
ainda estava viva
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quinta-feira, março 13, 2008

juno


e faremos amor
e não seremos sérios
e não seremos tristes
e não teremos presos
e não pregaremos a ermo
ermitério
rochedo com sereia
não resiste;
espetáculo
falamos línguas,
e não somos anjos
somos apenas
perseguidores
de doutorado
matilha de covardes
assassinos da imaginação
e não fazemos amor,
pois somos sérios,
tristes,
e presos ao nosso medo
e ciumentos demais
para sermos alguma coisa
no amor.
Afaste-se da sereia!
seu rochedo
despedaça gente
com cabeça de madeira
que flutuam no rio da seriedade
achando que são barco,
são apenas superficiais
que falam línguas
e nada têm de anjos,
a bem da verdade, e nem
de demônios
são almas estranhas
tristes
tao tacanhas
que se traem
e são esquecidas
por uma sereia Loreley
aquela que fica à margem do Reno,
na Alemanha,
em cima de um penhasco de 132 metros.
Mas para a Alemanha
ninguém vai para ver contos de fada obscuros
todo mundo vai pra concluir um doutorado
deixando para trás toda possibilidade de amor.

bicho papão


não escrevo para crianças,
eu as devoro.
Não escrevo para adultos,
eu os deploro.
O que fazer,
quando você
não se encaixa?
Quando se depara
com a constatação
infernal
de que
nem pra bicho papão
você serve?
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quarta-feira, março 12, 2008

cora coralina




uma velhinha
de Goiás
que fazia doce e poesia
uma menina
tempos atrás
que namorava a lua
fugiu grávida
de versos
e vazia
de pessoas.
Cora Coralina,
poetisa
e profetisa
e professora
do intenso viver
intenso sentir
E do interior:
do ser humano
e de Goiás
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falecida no início dos anos 80 aos 96 anos
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domingo, março 09, 2008

silêncio (post morten)


Quando a vida não importa mais
Quando o amor não incomoda
Quando seus sonhos desaparecem
Quando você se cansa da luta
Quando viver é irritante
Quando o veneno é doce,
e a faca, atraente;
quando o salto é esperado
e sem saldo
sem respaldo
sem respeito
sem importância
e sem sentido
sem dor
doravante, comovente;
ser envolvido sem ser envolvente
revólver, disparo
mágoa e desespero
espantar o cansaço
com a lâmina no pulso
descansar a alma
pulando do viaduto
se esquecer da desgraça
fazendo o que ninguém vê graça
Quando você não agüenta mais,
não agüenta mais!!!!!!
O que esperar de você,
a não ser
que descanse em paz?
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domingo, março 02, 2008

lobotomia

um lobo
não se sacia
com pouco
você sabia?
um louco
mal silencia
seu sopro
você gostaria?
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carne fresca para o lobo,
grandes sonhos para o louco.
e se você não gostar;
paciência - faça uma lobotomia
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