segunda-feira, agosto 30, 2010

Cheiro de Chuva



Cheiro de chuva
Chão de terra
cheio de ar,
respiro.
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Tenho 17 anos,
estou sem camisa.
Sinto no corpo quente de sol
as primeiras gotas geladas
Estou jogando futebol.
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Todas as nuvens são vermelhas
O chão de terra é vermelho
e meu corpo magro ainda não é velho, está vermelho;
e brinco com meus velhos camaradas.
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E meu coração brinca comigo;
onde estará ela?
As aulas acabaram e ela se mudou.
E brinco e brinco,
Coração dói,
não sei se de alegria ou se é de tristeza.
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Trovões! O pessoal está a gritar a cada um deles.
O cheiro de chuva aumenta,
tudo vermelho: céu, terra, corpo e alma.
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Como é bom amar alguém
e como é triste saber que esse alguém não sabe disso.
Talvez nunca saiba, e esse pensamento me corta o peito
Como o relâmpago que risca o céu, que de vermelho
começa a ficar azul-escuro de chuva.
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E o aguaceiro desaba, todos nós gargalhamos
Os cabelos molhados nos escorrem pela testa
Continuamos a jogar.
O chão se empapa d'água.
Que bom que chove,
pois ninguém percebe que choro.
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quinta-feira, agosto 05, 2010

Soprar







Dizem que os cometas

trazem em si água e matéria orgânica

com o qual fecundam os planetas.

Entenda como é a dinâmica:

Existe uma criança chamada Deus.

Ela pega entre seu jardim de estrelas

um dente-de-leão astral

e sopra

espalhando sementes de luz

no escuro chão arado chamado universo.

As sementes (cometas!) bailam no nada,

brincam lentamente

até serem atraídas por um mundo

e a história a seguir é conhecida de toda a gente.

Amar é mais ou menos assim;

sopra-se as sementes no ar,

uma trilha invisível de amar

e onde elas vão parar?
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