domingo, janeiro 29, 2012

EXTREMO

E a flor que se espreme
é a mente acuada
No horror extremo
a sanidade, seiva negra que se esvai
O que se sobressai é o coração que treme
nesse momento nada se teme
é a morte o que se atrai
a negra seiva turva o mundo e o município
ofegante, chego a pensar em suicídio
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sábado, janeiro 28, 2012

Plêiades

Pequena Penumbra
em meu corpo o frio da noite é entrelaçado
pelo escuro seco dos galhos sem folhas
Entrelaçado também é o sideral da noite pequena
em que uma pequena constelação
se debruça em silêncio, em desolação
escorre lenta e se esconde
ora no meu quintal
ora na palma da minha mão
ora na minha fria respiração
E toda frieza do existir
entorpece minha pele
e enobrece o desaparecimento
das minhas certezas.
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quarta-feira, janeiro 11, 2012

escombros no interior de uma floresta de sentimentos

beijo ensanguentado numa casa em ruínas
não que lhe caiba, e não há amparo
onde até as asas estão mofadas
pelo frio e pela fuga, pelo esquecimento doentio
e nada em que se repare em se separar
do lábio forçado que é ferido
e pelo sangue que escorre
dentro da casa sem teto, por onde chove
por onde chora,
e por hora basta o absurdo
de se olhar para cima, de se olhar para o lado
e não ver amparo
e ser assassinado anonimamente.
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quarta-feira, janeiro 04, 2012

o que (ela) passou

vestida de montanha que lenta desaba
feito noite, feito poeira
esfacelando sem desfalecer
fotografia de cinza e negro
espectro calmo, terno e elegante
desaba-se, acaba-se até se consumir
até acalmar
e pairar sobre aquilo que outros evitam
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