A menina dos dragões
seu nome, sua força
Caudalosos cabelos serpenteiam as montanhas
me indicando o caminho até seu coração.
poesias criadas por Josiel Vieira de Araújo
A menina dos dragões
seu nome, sua força
Caudalosos cabelos serpenteiam as montanhas
me indicando o caminho até seu coração.
Quebra mar entre as estrelas
o manto da noite, manto do eremita
escura trilha entre os astros
um fio serpenteando o cosmos
silencio
solicitude
Istmo
Mesmo longe
a dor do outro
precisa ser a sua
tem de ser a sua
Mesmo sem pontes
o quanto antes;
Íntimo
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fumaças
terra arrasada
fumaças
país arrasado
fumaças por todos os lados
atraso em tudo
solo fumegante
fumaças, luto
nação em escombros
em nossos ombros
fumaças
piras de mortos
fumaças de incensos
se misturando
em fagulhas
dos incêndios acesos
pelo insensato, pelo pestilento
fumaças de incensos e incêndios
esperança e desilusão
tudo se misturando
ardendo nossos olhos incrédulos
ao ver um Brasil esturricado
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Monge de Manchester
um olho torto para o passado
pelo lado sangrado
de seu coração
lado manchado
sortilégio vazado
pingos de beijo e de tristeza
perfazendo a via dolorosa
onde o monge peregrina
quando olha pra si
e para além
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Quando você é você
Fecho os olhos: eu não sou mais eu.
Além do lento tempo
Aquém do laço do espaço
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SEGUNDO DISPARO
SUSPIRO BARATO
UM NÃO-ANJO
UM NÃO-HEROI
APENAS UM CARA MACHUCADO
COM UM OLHAR DEVASTADOR
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perseverança
continuar a seguir
a trilha de gotas de tristeza
ainda que sejam frias
é o que nos guia
nessa escuridão
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salão escuro, dolorosas
pisadas lembranças
ecoam sem alarde
ecoam sentidas
sem sentido
coração salão escuro
onde passos um dia dançaram música alegre
agora são caminhar trôpego
naufrágo errante
sombrio sozinho
caminhando
borda da linha
fim da linha
oceano escuro esquecimento
salão coração
distanciamento
de si
esvair-se
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dardos
para nos atingir
cada lembrança
um dardo
ao caminhar, um fardo
passe ao largo, siga em frente
pessoas que vem, pessoas que vão
caminhante na chuva que cai inclinada
lembranças inclinadas a doer
cada gota de chuva, um dardo
mãos que não estão mais dadas
caminhe contra todas as possibilidades
dado jogado ao acaso
nunca é tarde
dardos espetando a alma já doída
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Às vezes
fugir é voltar
voltar a amar
O mundo dá voltas
um vórtice
sem pressa
chamado destino
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O começo da linguagem das trevas
Flor de arame farpado cortina de dor
e, enquanto inspiramos fumaça dos nossos sonhos esturricados
Temos de escolher entre a inquisição da fogueira
(onde somos confortavelmente queimados)
E a escuridão onde caminhamos descalços,
tropeçando sobre estilhaços.
Fina flor de fino arame no nosso pescoço
Saco da vergonha alheia na cabeça onde sufocamos
que botamos para não ver
os cacos de nossa certeza estilhaçada
que pisamos esfolando nosso caminhar
acostumamos a existir assim
confortavelmente na desgraça
a apatia é a nossa mortalha
que nos empareda cada dia um pouco mais
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contorce tempestuosa
onde toca, a tudo revolve, a tudo destrói
mudo, mudo-me
de repente crisalida
onde foco, por onde dissolvo
semelhante ao fogo
resolve
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Guarde para mim
Guarde para si
aguarde
É tarde, mas virá
ardente sentimento
sufocante, desejo-nos
nos tocamos, finalmente
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Flores de Órion
Ela semeia por entre a vida
pequenas flores, grandes gentilezas,
memórias, superação, exemplos, girassóis e outras flores que nem sei o nome,
cultivando amizades, colhendo ingratidão, regando amores
outras dores que também nem sei o que são
uma trilha difícil que não é para qualquer um
e mesmo assim ela segue semeando
e nos alegrando
com o jardim que é sua alma.
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Para minha irmã Josi Henriques
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