sexta-feira, novembro 28, 2014

Vade Retro


O que me cansa
O que não me alcança
O que me oprime
O que me basta
O que não curto
O que me arrasa
O que não procuro
O que se arrasta
O que não amo
O que me desgasta
O que não vem
O que não vai
O que se encosta
O que me desgosta
O que se convence
Do que não pertence;
O que eu tenho
É porque não busco
O que se lambuza
Do meu desprezo
E ainda assim me deseja
Sem ensejo, sem destino, só nojo
O que quer que seja
E o que não despeja
pegajoso e frio
frio e calculista
Tudo o que não me atrai
passe reto, passe torto
seja leve, seja breve
sobressai
destroços
ossos ortodoxos
de um ofício morto
.
.
.


Silhueta



Silhueta

Silêncio que cai em pétalas de sombras

 amálgama enreda 

delicadeza em monocromias

sombra de fadinha sentada

Quem é ela? A beleza de nunca saber.
.
.
.


poesia inspirada no trabalho de Lotte Reiniger

.

.
.

quarta-feira, novembro 05, 2014

Maquiagem Cadavérica


Não adianta reatar os nós
pois nós somos sós
Tardia cosmética sentimental
tenta deixar bonito
o cadáver de um amor morto
Não adianta,
insistir nisso é sinistro
e destruirá o pouco
da insanidade
que nos salva
do dia-a-dia que (todo dia) pede 
sua dose vampírica
de consciência e de  fim dos sonhos
.
.
.


Roboteria Voyer


 É dança dos drones
os seres somem; e agora somos monstros
consumimos nossa humanidade
sumimos
e não somamos
sucumbimos
à preguiça tecnológica
trágica apatia
diante da vigilância
fácil, gratuita, desonesta
esvaímos não em sangue
mas em falta de existência
.
.
.