quinta-feira, novembro 25, 2010

Um café à beira do inferno

Eu começarei a postar meus contos aqui também. Boa leitura a todos!
Josiel




Singularidade




Num lugar agradável, entre as dimensões, aquém do tempo e do espaço, Deus estava sentado calmamente tomando sua habitual xícara de café.
Um cotovelo na mesa.
Uma mão segurando uma das faces.
Olhando, sossegado.
A pequena colher que mexe o café preto na xícara.
Aroma bom.
A espuma foi virando, lentamente, uma espiral.
E Deus olhava.
A espiral difusa e lenta, boiando na negritude.
A espiral de bilhões de estrelas chamada via-láctea.
Ele a achou bonita.
Deus estava sossegado. Uma das mãos no rosto. Observando calmo sua xícara esfriar um pouco. Vendo também seu reflexo na superfície negra desse estranho café chamado universo onde uma pretensiosa espuma chamada via-láctea boiava.
Alguns momentos. Bilhões de anos. Dezenas deles.
Então ele bebeu.
O universo não implodiu, como se pensava.
Apenas ele foi para o interior de Deus, que ficou com um gosto amargo na boca.


FIM

escrito por Josiel Vieira de Araújo

sábado, novembro 20, 2010

sem luz

A aridez de tua alma
É assim uma nudez tão divertida
Tão muda, tão muda, e nada surda
Pois não ouve o que talvez pudesse dizer
Sem ser sórdido, cínico ou dispensável
E é impensável, esta falta de seara
Em tuas palavras... cada uma delas uma monografia
Um estudo. Um estupro. Um estado de sítio em torno
da alegria que os outros possam ter
De serem felizes
Parabéns, professor universitário
um prêmio (literário?) conseguiste
Escorrendo do estuário
Da tua impotência.

sexta-feira, novembro 19, 2010

segunda-feira, novembro 08, 2010

vamos

E já perdemos as horas (em algum lugar dos nossos bolsos)
Solitários, assaltam a madrugada e roubam o Sol
E jamais possamos parar
O que ara a terra são nossos pés soltos
E a seara da liberdade é nosso caminho